UEL divulga lista de obras literárias obrigatórias para o vestibular de 2023

A UEL (Universidade Estadual de Londrina) divulgou a nova lista de obras literárias para os vestibulares de 2023 e 2024. A relação tem dez livros e sete deles são de novos autores, que não estavam na lista anterior. 

Permanecem três escritores da relação cobrada em 2022: o gaúcho Moacyr Scliar, contista, cronista e romancista autor de mais de 70 livros; Mário de Andrade, poeta, romancista, e um dos fundadores do modernismo; e Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras escritoras negras do país.

LEIA MAIS

Vestibular da UEL será em duas fases em 2023

Análise do professor Biti sobre as obras literárias do vestibular UEL 2023

Convidamos o professor Biti, que dá aulas de literatura e história da arte no curso Prime, em Londrina, para comentar sobre as escolhas da UEL na lista de leituras obrigatórias. 

Mas antes, confira a lista de livros completa para o vestibular UEL 2023:

  1. Contos novos – Mário de Andrade (domínio público)
  2. Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus (Ática)
  3. Histórias que os jornais não contam – Moacyr Scliar (L&PM)
  4. O rei da vela – Oswald de Andrade (Companhia das Letras)
  5. O seminarista – Bemardo Guimarães (domínio público)
  6. Niketche – Paulina Chiziane (Companhia das Letras)
  7. Torto arado – ltamar Vieira Junior (Todavia)
  8. Melhores poemas – Femando Pessoa (Global)
  9. Chove sobre minha infância – Miguel Sanches Neto (Record)
  10. Cartas chilenas – Tomás Antônio Gonzaga (domínio público)

 “É uma lista que mantém títulos clássicos e uma transição entre obras modernas e contemporâneas, como já é tradicional na UEL”, analisa Biti, destacando que a universidade vai cobrar duas obras clássicas nas próximas duas edições do vestibular, “O seminarista – Bernardo Guimarães” e “Cartas chilenas – Tomás Antônio Gonzaga”. 

Ele destaca que a lista atual é um convite, também, a ler o modernismo brasileiro, com livros dos dois grandes mentores do movimento e principais realizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, cujo centenário é comemorado em 2022: “Contos novos – Mário de Andrade” e “O rei da vela – Oswald de Andrade”.

Para o professor do Prime, as melhores escolhas da lista de obras literárias da UEL são as obras contemporâneas da literatura brasileira, que permitirão ao aluno ampliar a visão sobre o mundo em que vivemos. “Torto Arado, de ltamar Vieira Junior, é um livro muito recente e singular da literatura brasileira, que vai dialogar com Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, na medida em que as duas obras trabalham questões como desigualdade social, negritude e um Brasil que ainda é racista e escravocrata”, avalia. 

Já a leitura das crônicas de “Histórias que os jornais não contam”, de Moacyr Scliar, será sempre uma experiência agradável. “É um livro que mereceu continuar na lista”, opina. A lista de contemporâneos tem ainda “Chove sobre minha infância”, do paranaense Miguel Sanches Neto.

A UEL tradicionalmente inclui livros da literatura portuguesa na lista e, para Biti, “será um grande prazer lecionar Fernando Pessoa e permitir que os alunos tenham conhecimento desse poeta maravilhoso.”

Sobre Niketche, da moçambicana Paulina Chiziane, ele avisa que se trata de “uma obra única, ímpar, que todo mundo deveria ler. É uma autora exuberante, maravilhosa e provocante, que apresenta uma leitura prazerosa”, comenta. 

Como organizar a leitura dos livros do vestibular da UEL

Pensando no vestibular, Biti recomenda fazer as leituras com foco na aproximação das linguagens. Por isso, vale a pena ler Cartas Chilenas e Melhores Poemas na sequência, observando as particularidades da linguagem poética, como métrica e rima, visto que a teoria poética costuma ser cobrada no exame. 

Em seguida, a dica é ler Rei da Vela, uma peça teatral, seguida pelo livro de crônicas de Scliar.  Por fim, é hora de ler as narrativas: Seminarista, Contos Novos, Quarto de Despejo, Torto Arado, Niketche e Chove sobre minha infância.

“Dessa forma, o aluno vai estudar a teoria de cada linguagem: poesia, teatro, crônica e narrativa”, comenta ele. Biti lembra aos alunos que a leitura dos autores contemporâneos é essencial não só para o vestibular, mas para entender nossa realidade. “Leia os livros por prazer! Não permita que ninguém contamine sua leitura sobre essas obras, pois elas são maravilhosas”, pede.