UEL 2021: é hora de revisar as obras literárias

 

Na reta final para o vestibular 2021 da UEL, chegou a hora de revisar as obras literárias que serão cobradas no concurso. Nesta edição, a prova será composta por 10 questões de língua portuguesa e literatura, quatro questões de língua inglesa, além da redação. As questões de linguagens, portanto, corresponderão a 28% da prova. Estar bem preparado nessas disciplinas pode ser o diferencial para sua aprovação em Medicina, por isso, convidamos os professores Biti e Márcia, da área de linguagens no curso Prime em Londrina, para dar algumas dicas sobre as obras literárias. 

 

A simples leitura dos livros indicados pela UEL não é suficiente para se preparar com eficiência para a prova. Por isso, o professor Biti avisa: a leitura tem que ser crítica, considerando o contexto histórico de cada obra, a biografia dos autores, as alegorias presentes nos livros e uma análise crítica dos mesmos. Além disso, o estudo deve incluir resolução de exercícios. 

 

Outra dica do nosso professor de artes e literatura: o estudo deve ser proveitoso, por isso, preste muita atenção à orientação crítica que você recebe na sala de aula. E, se você já é aluno Prime, com certeza já foi orientado a fazer um mapa mental das obras, para poder revê-las antes das obras. 

Em segundo lugar, a recomendação é criar um mapa mental - ou algo parecido com o antigo fichamento - sobre o que for estudando, pois para uma boa memorização do conteúdo é necessário revê-lo algumas vezes antes da prova.

 

Só o Prime tem

 

No curso Prime, as obras literárias cobradas pelo vestibular da UEL também são assunto das aulas de gramática. Afinal, a prova da UEL costuma ser interdisciplinar e nossa equipe está sempre atenta a essa característica. A professora Márcia Chireia, por exemplo,  analisou com os alunos o poema “Isso Posto”, que está no livro “A Palavra Algo”, de Luci Collins, uma obra contemporânea sobre a qual ainda há pouco material de pesquisa disponível na internet.

A professora explica que escolheu esse livro para abordar na aula por ser uma obra densa e difícil. O poema “Isso posto” traz no título uma conjunção conclusiva que significa “assim” ou “dessa forma”. Por essa característica, o título já nos leva a crer que haverá uma conclusão que, aliás, está ligada ao título do livro: “A Palavra Algo”. O poema justifica o nome da obra literária e isso inclusive  pode ser percebido nos versos finais do poema: “com a impressão da palavra algo, flama a folha de rosto”.

Ela continua a análise destacando que “algo” é um pronome indefinido, ou seja, não tem sentido exato. Por exemplo, quando dizemos  “vou comer algo”, referimos a algo que existe, mas que não definimos precisamente o que é. É uma palavra que pode ser ligada a tudo e não definir nada precisamente.

Outro fato relevante do poema é a construção linguística, com 3 estrofes começando com os adjetivos “impecável”, “implícita” e “infinita”, e uma quarta estrofe cujo início usa  o pronome indefinido “algo”, colocando esse termo no mesmo nível dos adjetivo com função de adjetivos, que, por sinal, têm o prefixo "in", porém, com sentidos diferentes. Em “impecável” e “infinito”, observa-se o sentido de  negação. Em "implícito", o sentido está ligado à ideia de interno. 

O leitor sensível e atento vai perceber que o poema traz imagens metafóricas,  em cada estrofe, ligadas a temáticas constantes na literatura, é o belo ligado  a elementos da natureza.  Entretanto, o gran finale é ainda mais belo e significativo: a palavra algo define o nascimento e a morte, o começo e o fim!

 

Conheça o poema

ISSO POSTO

impecável

como uma aurora instala um dia

como o botão abriga a rosa aberta

 

implícito

como a lua define a decisão da vazante

e como o sol define a indulgência da lua

 

infinito

como o entusiasmo dessa tempestade

e como o pardal abrange o telheiro

 

algo

como o primeiro olhar da mãe pro filho

e como o último sorriso de um pai

 

como a impressão da palavra

                    algo

 

flama na folha de rosto

 

Confira a lista de obras literárias da UEL

'A palavra algo' - Luci Collin (Iluminuras, 2016)

'Amor de perdição' - Camilo Castelo Branco (Melhoramentos, 2013)

'Casa de pensão' - Aluísio Azevedo (Martin Claret, 2013)

'Clara dos Anjos' - Lima Barreto (Martin Claret, 2011)

'Contos novos' - Mário de Andrade (Nova Fronteira, 2015)

'Eles não usam black-tie' - Gianfrancesco Guarnieri (Civilização Brasileira, 2017)

'Histórias que os jornais não contam' - Moacyr Scliar (LPM Editores, 2017)

'O vendedor de passados' - José Eduardo Agualusa (Tusquets, 2018)

'Poemas escolhidos de Gregório de Matos' - Gregório de Matos (Companhia das Letras, 2011)

'Quarto de despejo' - Carolina Maria de Jesus (Ática, 2019)